terça-feira, 2 de junho de 2015

O Governo estadual não quer resolver os problemas da educação. Quer derrotar os professores.

Maria Izabel Azevedo Noronha
É inaceitável a nota emitida pela Secretaria Estadual da Educação em 29/05.
Recheada de inverdades, a nota diz que professores “comemoraram” a duração da greve. Jamais. Só tempos a lamentar que a atuação de um Governo autoritário, insensível, truculento e incompetente faça com que os professores e professoras, mesmo enfrentando o desconto salarial, sejam obrigados a permanecer mais de oitenta dias em greve para tentar obter aquilo que é normal em qualquer democracia: o diálogo e a negociação.
A greve dos professores não está isolada, nem desconectada da realidade. Isolado e desconectado está o Governo do Estado de São Paulo, encastelado em gabinetes e desconhecedor da situação existente nas escolas estaduais. Com o desconto ilegal dos dias parados, o fato de uma parte dos professores retornar às salas de aula não significa apoio nem conformismo diante das políticas do Governo.
É lamentável que a preocupação do Governo Estadual seja derrotar a APEOESP e os professores. Não conseguirá! Não derrotará nossas consciências, nosso espírito de luta, nosso compromisso com a escola pública. Esta sim, cada vez mais derrotada com os desmandos do Governo.
Não cabe ao Governo estadual avaliar a representatividade das entidades. A APEOESP tem quase 190 mil associados e representa de forma legítima os professores estaduais. Outras entidades, somadas, não chegam a este número de filiados. Cada uma escolhe seus métodos e suas estratégias, mas não aceitamos que nenhuma outra entidade fale pela nossa base, que está em greve e não aceita conchavos a portas fechadas e na calada da noite.
Como homens públicos, o Governador e o Secretário da Educação deveriam buscar soluções para a greve. Em vez disso, recusam-se a marcar reuniões e negociar e tentam asfixiar os professores com corte de salários e o sindicato com multas de alto valor. Não houve sete reuniões de negociação, mas apenas três em quase oitenta dias de greve. Na prática, nada foi negociado, porque o Secretário da Educação empurra o caso com a barriga, sem anunciar nenhum índice salarial e sem concretizar nenhuma proposta.
Temos compromisso com nossos alunos e queremos repor os conteúdos não ministrados durante a greve, pois o funcionamento de muitas escolas é apenas de fachada, sem aulas regulares nas disciplinas onde os professores estão em greve. Cabe ao Governo viabilizar, pela negociação conosco, as formas de fazê-lo. Por isso estamos lutando nos tribunais para que sejam estornados os valores descontados e para que não hajam novos descontos, pois nossa greve não foi considerada ilegal.
Nossa greve continua até o momento em que os professores e professoras – e não o Governo estadual – definirem.
Presidenta da APEOESP
fonte: http://www.apeoesp.org.br/

0 comentários:

Postar um comentário